segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Mente Calma




Ao se ouvir um sino tocando ao entardecer, descobre-se que o silêncio de fora está também dentro. O nascer e o pôr do sol são os momentos mais silenciosos  do dia. Nesses poucos momentos, todas as  coisas parecem estar atentas ao dia à medida que ele surge e quando ele termina. O mesmo ritmo se reflete internamente. alguns momentos em que a mente está quieta. Quando se acorda na cama, por uns poucos momentos, a mente não tem nada a dizer, e novamente, quando se vai  dormir, há um breve momento, quando a mente está quieta e repousada. Nesses poucos momentos, a mente está clara.

Caso contrário, a mente é uma experiência de contradições. Os muitos ‘eus’ de pensamento,  percepção e emoção que surgem das funções humanas não têm a intenção de se opor uns aos outros, mas não podem compartilhar pacificamente o mesmo espaço. Os `eus` não podem ser unidos, assim como os caciques guerreiros que afirmam ter a mesma história cultural, mas não têm a mesma forma de  governo. Sem a presença, os ´eus´ controlam a nossa psicologia. Os pensamentos tornam-se desfocados,   acidentais ou determinados pelos eventos externos. A pessoa se torna feliz ou triste, porque os ´eus´  antecipam um evento externo, que no entanto nunca acontece.
Mas a capacidade de aquietar a mente não vem por si só. Ela vem ao elevar sua percepção, ao prestar atenção aos pequenos momentos de seu dia. Com uma mente receptiva, você ouve a música, uma conversa, sons ocasionais, e produz um estado que não tem opinião ou preferência, mas apenas quietamente é. Ao ouvir, encontra-se o silêncio. A pessoa torna-se um ponto imóvel em um universo que gira.  Ouve-se a diminuta e mansa voz de Deus.

"No puro momento da manhã, perto de um templo antigo,
meu sinuoso caminho, através de num lugar protegito e coberto
de ramos e flores, chega a um retiro budista.
Agorapássaros estão vivos com a luz da montanha,
e a mente do homem toca a paz em um poço,
e mil sons são aquietados
pela respiração de um sino do templo ".
Chang Jian

Julian B.
Being Present


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Alquimia e Impressões no Momento

Ao apreciar o momento presente, o reconhecimento da beleza nos abre ainda mais. Somos  elevados pelos momentos de rara beleza, quando eles penetram o nosso dia com seus traços de energias elevadas, mundos superiores. Outros momentos contem mais impurezas, e nos penetram  bem menos facilmente em nosso estado usual.

"O processo da alquimia interna abre o portão místico para a imortalidade espiritual." Lao Tsé

Os alquimistas medievais procuravam transformar metais em ouro, e o trabalho do Quarto Caminho inclui várias transformações. Nós transformamos observação em compreensão, e a energia das emoções negativas e o sofrimento real em um estado capaz de ver as leis que regem o nosso mundo.

 
"Esta é uma rara alquimia, com a qual a maioria das pessoas não está familiarizada".
Shah Waliullah de Delhi

A cada momento, neste exato momento, impressões se amontoam em nós. Sejam elas visuais, emocionais, intelectuais ou viscerais, nós podemos intencionalmente consumir as impressões quando levamos a elas nossa atenção dividida, separando a nossa consciência entre aquele que vê e o que vemos. Assim fazendo, nossa personalidade superficial desaparece e um observador mais puro surge.

                          "Em minha essência, eu me reuno àquele que vê." Jeanne de Salzmann

Impressões são alimento. Trazer consciência às impressões que entram e depois digeri-las, é como o alimento que é cozido, porque não pode ser comido cru. Assim as impressões difíceis podem ser usadas ​​em nosso trabalho, e às vezes são as mais ricas. Mas nós apreciamos o alimento refinado quando ele vem, como um fruto maduro de uma árvore.
Podemos criar a beleza em nosso ambiente com simples atos de refinamento: uma flor sobre a mesa, enquanto trabalhamos, uma travessa de maçãs sobre a mesa da cozinha, organizados com atenção, uma palavra amável para um amigo, ou um olhar fraterno. Nossas escolhas no momento trazem beleza para nos nutrir. Tais esforços refletem nossa sede pela perfeição que chega em nossos estados mais altos de consciência, a nossa fome por mundos mais refinados. E podem adoçar o momento para aqueles que estão perto de nós.

"Encontre a alquimia do amor e seja transformado em ouro". Hafiz

Assim, acolher a beleza destila nossa consciência, e os simples atos que criam beleza nos ligam a uma ordem superior de vida.

"A perfeição está em toda parte e nós só precisamos reconhecê-la."
Livro do Chá, por Kakuzo Okakura
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Rowena L.