Todos nós temos lembranças de nossos tempos
de escola de estudar para os exames. Sentávamos na
sala de aula e nossos instrutores
tentavam nos ensinar a resolver um problema, nos avisando que primeiro tinhamos que entender qual era o problema. (Como meu pai costumava dizer: "Se você entende o problema, você está a meio caminho para a
solução.") Então, tudo o que
tinhamos que fazer durante o exame
era ler o problema, compreendê-lo e usar as e ferramentas que
haviamos adquirido através de nossos
estudos e aplicá-las.
O que pode ser mais
simples do que isso?
Quando entramos na "vida real" após
os anos de escola, descobrimos que as
coisas são diferentes. Na
verdade, como nos foi ensinado na
escola, temos muitos problemas para resolver. Há um pouco de distorção nisso, no entanto,
na maioria dos casos não nos é dito
qual é o problema. Ao contrário de
nossos exames na infância, onde entramos na sala
de aula e recebemos um papel
cheio de problemas para resolver,
agora nos é dada uma
página em branco e temos que formular
nossos próprios problemas. Temos que
olhar atentamente para a situação em que estamos e definir o problema; só então poderemos começar a aplicar a nossa experiência para resolvê-lo. A formulação do problema nos dá com precisão uma melhor compreensão dele, mas a nossa primeira
tarefa, e isso é importante, é
perceber que temos
um problema.
Então a vida nos canaliza através de um
outro rumo chamado “encontrar o problema.” O senhor Ouspensky diz "a imaginação
satisfaz todos os centros",
e esta situação pode ser ilustrada pela imagem acima da carta do Enforcado no tarô. Ele está em uma
posição perigosa, mas ele não parece muito preocupado. Se nós estamos pendurados de cabeça para baixo e todos
os nossos centros estão satisfeitos, não sentindo
nenhuma dor, como podemos perceber a nossa posição?
"O
mundo que nós consideramos tão
doce, não é senão uma ilusão quando,
no final,
o véu é removido de nossos olhos." Guru
Nanak
O príncipe Sidarta vivia no palácio de seu
pai, rodeado pelas
melhores coisas que o mundo podia oferecer. Seu pai, sabendo que seu
filho estava predestinado a se tornar um homem
santo, em vez de um rei, protegeu-o
de presenciar o sofrimento real da vida, e em vez disso, tentou inundá-lo com prazeres. No entanto, Sidarta sentia um
mal-estar crescente, que o impelia a sair dos muros protetores
do palácio e ver o que havia lá fora. Ele deixou
o palácio secretamente e ficou
chocado ao observar a velhice,
doença e morte. Essas
experiências fizeram com que o príncipe
renunciasse à sua
riqueza e posição, e o colocou no caminho
para se tornar o Buda.
"Aquele que recebeu o beijo místico de
Cristo, busca mais uma vez
a experiência íntima,e ansiosamente procura por
sua frequente renovação."
Bernardo de Clairvaux
Quando estamos contentes em nossos
centros inferiores é que estamos presos
neste palácio aparentemente agradável. Os ´eus´ que circulam em nossa mente criam um véu que nos
impede de receber as impressões
que revelariam a verdade sobre a nossa posição. Quando saimos da imaginação, temos um vislumbre da prisão em que estamos, e assim podemos começar a preparar o plano para a nossa
saída, a fim de chegarmos à presença
e prolongá-la.
"Ele (o Senhor) pôs um novo cântico em minha boca" (Salmos 40:3).
Como vamos chegar a esse estado superior?
Porque os nossos centros inferiores
estão satisfeitos com eles mesmos,
porque estamos dormindo, sem saber, nós devemos receber ajuda de cima. Nossos centros
superiores querem aparecer, e
eles estão constantemente nos enviando
choques e lembretes para nos despertar; cabe a nós reconhecermos esses choques e agirmos em relação a eles. À medida que a nossa experiência de estar
presente aumenta, e nossa compreensão se aprofunda, nosso
estímulo para reconhecer esses momentos de sono e
nossa capacidade de trabalhar com a ajuda que recebemos ficam mais fortes.
Quando
experimentamos um estado mais elevado, no entanto, em algum momento o nosso ser
inferior volta a se insinuar e nos vela. Voltamos para a imaginação sem nos apercebermos
dela. Esta é uma parte da condição humana, e não devemos sofrer com isso, mas
sim nos esforçarmos para estar cada vez mais conscientes e gratos pelos
lembretes enviados a nós, para nos ajudar.
Voltando aos dias de escola, eu tento manter comigo um entendimento de que tudo funcionou bem. No final, uma vez que se tenha claramente reconhecido o problema, a solução é simples. Não sendo assim, então ou temos a solução errada, ou estamos tentando resolver o problema errado.
As memórias
e energias criadas por nossos momentos de Presença formam um desejo crescente
em nós de escapar da imaginação e usar o que nos é dado para despertar.
Aprendemos gradualmente a ativar as faíscas que chegam através de nossa vida e
formar um fogo que nunca poderá ser extinto.
"Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis,e nós seremos transformados. "
1 Coríntios
15:51-52
Ron M.