Quando eu era criança e ia fazer compras com meus pais, as lojas que eu mais gostava
eram as de
ferramentas
especiais. Lembro-me de ver os meus pais irem
através das diferentes seções e
prateleiras para localizar a exata ferramenta que precisavam. Como o número de ferramentas oferecidas nessas lojas era tão grande, encontrar a ferramenta correta -- aquela que faria
o trabalho correto ao invés de retê-lo—era de grande importância. Com o passar do tempo eu
assisti este processo que ocorre
em outras áreas: localizar o médico certo para o meu filho de uma longa lista de médicos que trabalham na área,
escolher a área certa do foco em meus estudos universitários, e assim por diante.
Uma vez que os mesmos processos, quando bem
definidos, podem ser observados em diferentes escalas, podemos usá-los para nos
ensinar sobre nós mesmos. Podemos começar por analisar o funcionamento de nossas
próprias mentes. Quando vemos nossos pensamentos, vemos que eles vêm em um
fluxo interminável, com um pensamento após o outro, principalmente por
associação. Uma vez que eles quase nunca param, nossa mente é bloqueada ou
simplesmente sobrecarregada com eles, e é incapaz de atender à função para a
qual foi originalmente projetada: servir ao Ser Superior.
Felizmente, este não é sempre o caso, no
entanto, há momentos, breves lampejos,
quando nós experimentamos algo diferente. Por alguma razão, em um momento de
alegria ou surpresa ou sofrimento ou nada de especial, conseguimos nos separar
desta capa de pensamentos. A experiência é tão penetrante que tentamos
encontrar o nosso caminho de volta para aquele momento. Nós não poderíamos
desejá-lo ou fazer um esforço para recuperá-lo se não o tivéssemos
experimentado antes, e esse fato nos dá energia para continuar tentando. Como
podemos criar esses momentos especiais intencionalmente, e fazê-los durar mais
tempo?
"... A Largata desceu do
cogumelo e arrastou
para longe na grama, observando enquanto
passava,
`Um lado irá fazê-la crescer, e o outro irá fazê-la diminuir."
`Um lado do QUÊ? O outro lado do QUÊ?’ PensavaAlice consigo mesma.
‘Do cogumelo’, disse a Lagarta, como se ela tivesse perguntado em voz alta; e já no momento seguinte estava fora da vista."
Lewis Caroll, Alice no País das Maravilhas
`Um lado irá fazê-la crescer, e o outro irá fazê-la diminuir."
`Um lado do QUÊ? O outro lado do QUÊ?’ PensavaAlice consigo mesma.
‘Do cogumelo’, disse a Lagarta, como se ela tivesse perguntado em voz alta; e já no momento seguinte estava fora da vista."
Lewis Caroll, Alice no País das Maravilhas
Voltando ao fluxo interminável de pensamentos, podemos chamá-lo de os muitos‘eus,’
porque os pensamentos giram em torno de nós mesmos e muitas
vezes dizem ‘eu’ (eu quero, eu preciso, eu deveria ...). Os muitos ‘eus’ em nossa cabeça nos faz ficar "mais curto", como diz a
lagarta sabiamente, mais curto no
sentido de nos levar mais longe do instante em que estamos no momento, e isso é feito simplesmente tomando o lugar em nós mesmos, onde uma maior consciência pode
existir. Felizmente existe o
"outro lado" que nos faz ficar mais alto,
mais perto da presença. Enquanto estamos nos alimentando do lado errado do cogumelo, pode-se dizer, que repentinamente, vem o desejo de passar para
o outro lado, um desejo que pode fazer com que algo aconteça, para que possamos crescer mais e
mais alto, elevando acima das árvores,
até que possamos finalmente ver o
que está ao nosso redor.
"Quando eu digo vacas kosher (alimento permitido) quero dizer bons pensamentos, e quando eu digo vacas não-kosher (alimento não
permitido) quero dizer maus pensamentos."
Rabino Nachman de Breslav
Rabino Nachman de Breslav
Escolas esotéricas nos ensinam a ter
bons pensamentos, pensamentos destinados a separar o nosso ser superior dos muitos ‘eus’. Estes
pensamentos são chamados ‘eus’
de trabalho. Enquanto os
muitos ‘eus’ só se
perpetuam, gerando mais pensamentos, os ‘eus’ de trabalho tem o objetivo
oposto. Estes pensamentos
“kosher” (legítimos) nos ajudam a parar
o fluxo de pensamento, com o objetivo
de criar um espaço no qual a
consciência possa entrar. Um único
‘eu’ de trabalho, funcionando corretamente, não é egoista e irá criar no momento a necessária separação dos muitos ‘eus’, como um pequeno exército
derrotando um exército maior.
A palavra
‘eu’ é uma palavra curta que nos ajuda a
conectar o momento em que estamos, a um mundo maior que circunda nosso pequeno ser.
Por exemplo, dizer a nós mesmos Look,
quando estamos andando na rua, pode limpar muitos pensamentos, que estão
velando nossa visão naquele momento.
Outro exemplo é Hear, quando ouvimos
música. O objetivo destas palavras é de nós mesmos retornarmos ao momento em
que estamos, e nos manter aí até que um próximo ‘eu’ de trabalho seja
necessário. Agora a nossa mente está funcionando da maneira que foi projetada
para trabalhar, focalizando nossa atenção no presente.
Ao observar nossos ‘eus’, aprendemos a distinguir
uma grande diferença entre os ‘eus’ de
trabalho e os milhares de outros pensamentos que simplesmente nos
ocorrem. Quando não
temos conhecimento de nós mesmos, os muitos ‘eus’ parecem muito reais, no
entanto, quando ativamente dirigimos
nossa atenção a um ‘eu’, de trabalho, já estamos em um estado diferente, e é esse estado que precisa ser apoiado
e prolongado.
Um ‘eu’ de trabalho é uma ferramenta precisa que nos
é dada para construir a consciência, o
que nos permite ter um vislumbre do
momento, um sopro do despertar.
À medida que ganhamos experiência podemos coletar um conjunto desses ‘eus’ especiais
que vai se adequar a cada momento
ou atividade em nossas vidas diárias,
e podemos nos treinar a apresentá-los
quando o desejo de estar presente
surgir. Lentamente, enchemos uma caixa de ferramentas que podemos levar conosco sempre e em toda parte, usando a ferramenta certa quando necessário e
colocando-a de lado quando sua função estiver concluída.
"Gostaria de abandonar tudo que
eu posso pensar, e escolher como
meu amor a única coisa que eu não posso pensar,
pois Deus pode ser amado, mas não pode ser pensado. "
A Nuvem do Desconhecido
meu amor a única coisa que eu não posso pensar,
pois Deus pode ser amado, mas não pode ser pensado. "
A Nuvem do Desconhecido
Ron M
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